Poetizar

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Às vezes faço versos, às vezes me faço versos!

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Mãe


Mãe
O nome dela é Maria, Maria José.
E como toda Maria, faceira ela é.
Lata na mão, lá vai ela para o cacimbão.
Desce o alto.
Desce a corda com o balde.
Enche a lata d`agua, Maria.
Rodia bem feita, lata na cabeça,
Lá vai Maria.
Sobe o alto.
Enche o pote.
Água para matar a sede,
Cozinhar o feijão com água e sal.
Maria, Maria José.
Caminha faceira no caminho do rio, mulher.
Trouxa de roupa na cabeça.
Sol da manhã.
Lavar roupa nas águas do rio Poti.
Pedras quentes.
Vento escaldante.
Sol do meio-dia.
Roupas limpas, leve e secas.
Lá vem Maria da labuta de todo dia.
Maria, Maria José, bonita mulher.
Que luta, que sofre, que chora, mas acredita e tem fé.
Acredita num amanhã melhor.
Para ela, os filhos, marido e a humanidade.
Tem fé num criador maior.
Como sofre essa mulher.
Mas uma oração a mantém em pé.
Devota de Nossa Senhora do Desterro,
Que desterra “tudo quanto for de ruim”.
E ainda protege os pobres.
Essa, é Maria, Maria José, mulher de fé.
Mulher de muita fé.

Minha sincera homenagem essa mulher negra, que viveu e lutou pelos os seus, que realmente acreditava em dias melhores para os filhos e mesmo vivendo num ambiente no qual os negros eram tratados como se tivessem sido feitos apenas para servir, ela sonhava e queria um futuro diferente para os filhos. Nunca esquecerei o dia em que ela me falou que eu seria doutora de tanto que lia os livros. Obrigada pelo incentivo, a senhora poderia muito bem ter ficado no comodismo, mas ao invés disso plantou uma sementinha aqui dentro que germinou uma linda árvore e agora essa árvore dá frutos e tem sede de sabedoria. Amo você, saudades das nossas manhãs no rio... 

Jacinta Santos
25/07/2018













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