Ainda ouço o roçar do galho da laranjeira na janela do meu
quarto quando o vento vinha visitar o sertão na madrugada.
Quase não recordo do cheiro das flores, a laranjeira era
velha e acredito que esse era o motivo de quase não florar... Sem flores sem laranja
e nada de suco para saborear...
A laranjeira era minha companheira, nas madrugadas sem sono,
ela sempre estava lá.
Bastava abrir a janela para sentir o cheiro das folhas que
roçavam na janela, tem cheiro bom, as folhas da laranjeira.
Eu ficava imaginando o cheiro das flores...
Ainda lembro-me das estrelas que enfeitavam o céu da minha
janela, que imagem tão bela...
Trago todas as imagens guardadas na memoria...
Ouço passos lentos, despreocupados com o tempo...
Aprofundo-me na memória... e vejo que eram meus passos,
voltava da janela para a cama...
Deixei a janela aberta, o vento atiçava a laranjeira e ela
canta para me fazer dormir, observo isso da janela aberta de minha memória...
A laranjeira, o cheiro das folhas que roçavam na janela, as
estrelas que enfeitavam o céu na madrugada... Continuavam lá só faltava eu...
Jacinta Santos
10/06/14